A lei em Levítico que proíbe relações sexual entre homens (18:22) está no mesmo livro que contém leis proibindo alimentos que os israelitas deveriam considerar imundos (capítulo 11). Nós comemos hoje frutos do mar sem qualquer problema moral, então porque deveríamos tratar a lei do sexo como moralmente vinculativa? Não foi “superada” toda a lei levítica? Cristãos que insistem nas leis sexuais da Bíblia estão sendo inconsistentes em não guardar todas as outras leis também. Assim vai uma das linhas de argumento nos debates modernos acerca da homossexualidade. A isso, três coisas devem ser ditas.
Primeiro, conforme observado em “Learning to Love Leviticus”, nós não guardamos mais as leis de alimentação por causa da separação que elas simbolizavam (entre israelitas e gentios no Antigo Testamento) não é mais relevante em Cristo. Mas os princípios éticos contidos nas leis do Antigo Testamento acerca de relações sexuais (positivas e negativas) permanecem constantes e são reafirmadas por Jesus e Paulo no Novo Testamento.
Segundo, o argumento reduziria a Bíblia ao absurdo. Os Dez Mandamentos vem no mesmo livro que ordenou Israel não subir a montanha. Se nós somos ditos que não podemos com consistência desaprovar atividades de mesmo sexo a não ser que também paremos de comer frutos do mar, então não deveríamos condenar também o roubo e assassinato a não ser que também proibamos o montanhismo.
Terceiro, e mais importante, a discussão bíblica do comportamento homossexual não se inicia em Levítico, como se o argumento todo dependesse em como nós interpretamos uma simples lei do Antigo Testamento. Quando Jesus foi perguntado acerca do divórcio, Ele não deixou o argumento ficar preso em torno da interpretação da lei. Ao invés disso Ele levou a questão de volta para Gênesis. É lá que encontramos o ensinamento fundamental bíblico acerca do propósito de Deus em criar a complementaridade humana sexual – e ela é muito rica. Ela reflete Deus – homem e mulher juntos feitos à imagem de Deus – e ela fornece a união e igualdade necessária na tarefa de procriação e domínio da terra. Essa complementaridade dada por Deus é tão importante que Deus explica como ela deve ser alegremente celebrada e exercitada – a união do casamento que é heterossexual, monogâmica, não incestuosa, socialmente visível e afirmada, física, e permanente (Gênesis 2:24, endossado por Jesus).
Nesse fundamento, o resto da Bíblia – nas leis e narrativas, nos profetas e na literatura de sabedoria, nos evangelhos e nas epístolas – consistentemente ensina que qualquer outro tipo de relação sexual fica aquém da melhor vontade e plano de Deus para o desenvolvimento humano. (E nós deveríamos notar que a Bíblia tem muito mais a dizer acerca de todas as formas de atividade sexual heterossexual desordenada, incluindo não marital e extramarital, do que proibições de relações proibitivas de mesmo sexo).
A lei em Levítico, então, não deve ser isolada, presa ao lado de frutos do mar, e ridicularizada na irrelevância. Ela é um pequeno pedaço de um padrão muito maior e consistente do ensinamento total da Bíblia acerca do presente e alegria e propósito e disciplinas de nossa sexualidade.
Por Christopher J.H. Wright, Christianity Today
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